Sobre eleições em São Paulo, comunicação e discurso

Sobre eleições em São Paulo, comunicação e discurso

Esta reflexão eu decidi escrever a partir de comentários que postei no meu Facebook, muitos deles motivados pelo meu atual mestrado em Comunicação e Política, em andamento na UNIP.
    
Sobre a derrota de Haddad (PT), no dia 02 de outubro de 2016, nas eleições à prefeitura de São Paulo, eu me pergunto: cadê a surpresa? Há meses está claro pelas pesquisas que o candidato petista não ganharia. A única virada que teve foi a de Doria (PSDB) levando o posto, já no primeiro turno. Vamos aproveitar e analisar academicamente os fatos, a partir do acontecimento, deixando de lado o viés de preferência ideológica. Os institutos de pesquisa necessitam ainda rever suas metodologias ou o tamanho da amostra para acertarem um pouco mais nas previsões de resultados. 

Doria (PSDB) ganhou em 56 das 58 zonas eleitorais da cidade – da mais distante periferia aos jardins. Haddad não ganhou em nenhuma. Então, ao invés de culpar o outro, sugiro aos petistas verificarem no que erraram e consertarem. O PT tem dados de pesquisa sobre seu desgaste desde o Mensalão, só não quer aceitar o que os estudos apontam há anos, inclusive de problemas dentro da própria legenda.

Não fiz campanha para qualquer candidato. Sou da opinião de que os políticos, de forma geral, devem fazer propostas de governo mais realistas e transparentes. A população quer soluções para questões de segurança, saúde, educação, transporte público e para a economia. Humildade no discurso e no comportamento é uma característica bem-vinda dos pleiteantes. Não só do candidato, mas daqueles que o cercam. Eleitores pelo Brasil rejeitaram a participação de padrinhos políticos na campanha (seja Lula, Aecio, Temer, etc.). Sinal dos tempos. Vamos ficar de olho.

É bem pertinente ainda não fazer ilações  sobre as razões das abstenções e a respeito dos votos brancos e nulos. Só quem pode dizer os motivos, são os próprios eleitores que não foram ou optaram por anular. De resto, qualquer outra conclusão é fruto da cabeça e opinião das pessoas. Estamos bem servidos de “achismos” e menos de estudos aprofundados sobre comportamento eleitoral. A queda no envolvimento do eleitorado é uma realidade mundial em função, principalmente, do desencanto com a política.

Numa campanha eleitoral, a população avalia os argumentos e propostas de um candidato, e também fatores, como determinação, segurança e firmeza, ou seja, a forma como ele diz e se comporta. Essas eleições municipais em São Paulo confirmam como uma campanha muda a opinião dos eleitores, a partir do andamento do Horário Gratuito e dos debates. Respeitemos as decisões das urnas, mesmo que não gostemos. Essa é a democracia.

Para finalizar, uma observação sobre partidos: alguns dos grandes partidos não se fizeram presentes nos primeiros lugares nas disputas das capitais. Lá vemos legendas como SD, PMN, PDT, PSB, PRB, PSOL, entre outras, se destacando. Desta forma, vale a pena também refletir num futuro próximo, quando o quadro estiver finalizado, qual o valor das coligações nas eleições, para pleitos majoritários ou regionais e a ascendência de legendas até então secundárias.  

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