As mil e uma trapalhadas da carta do ministro da Educação, Ricardo Vélez

As mil e uma trapalhadas da carta do ministro da Educação, Ricardo Vélez

Por que? Para que? De onde saiu a ideia? Estas são algumas questões que surgem quando paro para pensar nas tais cartas enviadas pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, a todas as escolas do Paí. Na primeira, ele inseriu o slogan da campanha eleitoral do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e solicitava que os estudantes cantassem o Hino Nacional, fossem filmados e que ainda fosse lida uma mensagem de saudação aos novos tempos de governo. Mesmo que na segunda versão ele tenha corrigido alguns equívocos, como a retirada do slogan,  a ação do ministro continua sendo um erro e um desperdício de tempo, frente a tantos problemas educacionais que o Brasil tem.  


Um dos pontos a serem considerados é a falta de comunicação com as secretarias estaduais e municipais, com o MEC interferindo diretamente na rotina dos estabelecimentos escolares,  tanto públicos como privados. Existe tanta discussão em torno das responsabilidades de cada esfera pública, como vemos nos debates sobre políticas de ensino, que é de espantar esta quebra de fluxo e ausência de diálogo. Segundo reportagem da Folha, “Historicamente o MEC mantém comunicados diretos com as escolas apenas com orientações sobre programas e ações institucionais”. 

Outro aspecto que chama a atenção é a falta de um projeto “patriótico” do qual esta iniciativa poderia  fazer parte. Acaba sendo uma ação isolada, só para fazer algum tipo de burburinho nas redes sociais com as filmagens, mas sem começo, meio ou continuidade que ajudasse a concretizar o suposto esforço de “resgate dos símbolos nacionais”. 

O ministro parece desconhecer ainda que várias escolas já iniciaram as aulas, ou seja, o primeiro dia letivo de 2019 já passou faz tempo. Será que ele está trabalhando com base em mais um estereótipo de que o Brasil só começa a funcionar após o Carnaval? Espero que não. Na rede de escolas estaduais de São Paulo, por exemplo, as aulas do ano letivo começaram em 1º de Fevereiro. Assim, o sr. ministro está bem desconectado do calendário escolar, pelo jeito.

Por fim, Patriotismo em uma democracia não se desenvolve de cima para baixo, de uma hora para outra. E, até o momento, o atual governo nada fez para proporcionar uma “educação de qualidade” e para a construção do “Brasil dos novos tempos”. Vélez deveria se abster de mais trapalhadas pelos próximos meses.

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