quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Hidrelétricas - Barragens transformam Amazônia em zona de sacrifício
*Por Philip Martin Fearnside
Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia contempla também a maior bacia hidrográfica do planeta, cujo rio principal – o Amazonas – é alimentado por afluentes que ramificam em mais de 1.100 rios e formam um sistema de drenagem sem igual. Cerca de um quinto de toda a água que escorre da superfície da Terra acaba nele. No entanto, toda essa exuberância – responsável por fornecer importantes serviços ecossistêmicos para a humanidade – está ameaçada.
Como os fluxos de água podem gerar muita eletricidade, a bacia do rio Amazonas tem despertado, há muito tempo, o interesse de governos, especuladores e indústrias para a geração de energia hidrelétrica por meio de barragens. De acordo com um estudo publicado em 2019 pela revista Nature Communications, pelo menos 158 barragens, incluindo pequenas barragens, operavam ou estavam em construção na bacia amazônica, e outras 351 haviam sido propostas.
Um dos exemplos mais notáveis é o da barragem de Belo Monte, quarto maior projeto hidrelétrico do mundo. A obra foi responsável pelo bloqueio do rio Xingu, um importante afluente do Amazonas. Seu reservatório inundou 518 quilômetros quadrados, deslocou mais de 20 mil pessoas e causou danos extensos a um ecossistema de rio que contém mais de 500 espécies de peixes, muitos deles não encontrados em nenhum outro lugar e dos quais dependem populações indígenas locais. Para completar, o ciclo sazonal natural do rio Xingu inclui um longo período de baixa vazão que impede Belo Monte de usar muitas de suas caras turbinas durante grande parte do ano.
Outro caso é o projeto Barão do Rio Branco, plano de infraestrutura na região amazônica que prevê, entre outras obras, a construção de uma hidrelétrica de 2 mil a 3 mil megawatts no rio Trombetas, que flui por uma região isolada e rica em minerais. A barragem necessária para essa hidrelétrica poderá inundar terras quilombolas e ameaçar uma das maiores praias da Amazônia, usada para a reprodução de tartarugas.
Esses são dois exemplos de como a bacia amazônica tem sido explorada sem controle pelo governo brasileiro – e de como os limites legais são testados constantemente. Embora essa política tenha se iniciado antes do governo de Jair Bolsonaro, foi com o atual presidente que ela se tornou mais intensa e perigosa, em especial a partir do desmantelamento dos órgãos ambientais e sistemas de licenciamento para projetos de infraestrutura, reduzindo as proteções para a biodiversidade e para os povos tradicionais.
Quando ecossistemas fluviais são transformados em reservatórios, eles prejudicam a diversidade aquática. Barragens podem, por exemplo, bloquear as migrações anuais de peixes, como a do bagre gigante do rio Madeira. Depois que o Brasil construiu barragens no rio Madeira em 2011 e em 2013, a captura de peixes naquela que foi a segunda maior região para a pesca fluvial do mundo despencou no Brasil, Bolívia e Peru. Milhares de pessoas perderam seus meios de subsistência de pesca, e o declínio acentuado desta atividade também gerou tensões sociais que persistem até hoje na região.
As barragens também aprisionam sedimentos ricos em nutrientes, que sem elas seriam transportados pelo curso d'água. A perda de nutrientes prejudica a agricultura e afeta a cadeia alimentar da qual dependem os peixes rio abaixo, comprometendo a pesca ao longo de milhares de quilômetros de rios amazônicos.
E não para por aí: como no fundo dos reservatórios quase não há oxigênio, o mercúrio que ocorre no solo, tanto naturalmente como com acréscimos pela atividade garimpeira, pode sofrer uma reação química e ser transformado em metilmercúrio – altamente venenoso. Altos níveis deste componente foram encontrados nos cabelos de pessoas que vivem no entorno da barragem de Tucuruí, no Pará, e de Balbina, no Amazonas.
É preciso ter consciência de que os rios de fluxo livre da Amazônia são a força vital de suas florestas e dos povos indígenas que dependem deles há séculos. Tratar a Amazônia como uma zona de sacrifício para a extração de recursos naturais é injusto e desnecessário. Os custos humanos e ambientais são demasiadamente altos.
*Philip Martin Fearnside é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e membro da Academia Brasileira de Ciências
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
Projeto prevê redução de desmatamento e emissão de carbono na Amazônia
FAS e outras ONGs implementam ações com ajuda dos Estados
Para reduzir e prevenir o desmatamento ilegal e incentivar atividades de baixa emissão de carbono na floresta amazônica, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desenvolverá um projeto socioambiental com estratégias de conservação da floresta, bioeconomia e financiamento regional, com duração de dois anos. A proposta foi selecionada via edital do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Fórum dos Governadores para Clima e Floresta (GCF), e receberá suporte financeiro do Governo da Noruega para ser concretizada.
O “Projeto Regional Amazônia Brasileira: Destravando e Alavancando o Desenvolvimento de Baixas Emissões” será liderado pela FAS em parceria com as organizações Earth Innovation Institute (EII), Conservação Internacional do Brasil (CI-Brasil), Instituto Centro de Vida (ICV), The Nature Conservancy (TNC), Instituto BVRio, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), além das Secretarias de Meio Ambiente dos nove estados da Amazônia Legal Brasileira: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. O valor que vai ser investido no projeto ainda será definido.
O projeto tem o objetivo de integrar e interagir ações locais e regionais para desenvolver estratégias, programas e projetos de baixo carbono, com destaque para Redução de Emissões Provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) e bioeconomia.
Desse modo, este projeto contribuirá, em alinhamento com as secretarias de meio ambiente da Amazônia, com o fortalecimento de ações estruturantes para o combate ao desmatamento e às queimadas, além do fortalecimento de soluções produtivas de baixas emissões e da consolidação de rotas de financiamento regional. Entre os componentes estratégicos estão REDD+ e compensação por serviços ambientais; investimentos em ações locais adaptadas e integradas em desenvolvimento de baixo carbono e pacto regional, visando estratégias estruturantes para alavancar e criar rotas de financiamento regional.
“Trata-se de um projeto inovador que reúne organizações públicas, setor privado e organizações da sociedade civil. Todos unidos por objetivos comuns: a conservação ambiental e o desenvolvimento social das comunidades tradicionais, aldeias indígenas e agricultores familiares”, afirma Victor Salviati, superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional.
Esse projeto marca, ainda, a cristalização da mudança no posicionamento da FAS, considerando sua atuação efetiva na Bacia Amazônia. Com isso, a organização, que comemora 13 anos, nesta segunda-feira, passa a adotar o nome de Fundação Amazônia Sustentável, refletindo melhor o seu amplo escopo de atuação para toda a Amazônia.
Sobre a FAZ - Há 13 anos a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) executa projetos ambientais, sociais e econômicos voltados para a conservação da Floresta Amazônica. É uma organização sem fins lucrativos, sem vínculos político-partidários, de utilidade pública e beneficente de assistência social, que atua em mais de 640 comunidades ribeirinhas e indígenas do Amazonas, localizadas em áreas protegidas, beneficiando aproximadamente 42 mil pessoas e que já recebeu mais de 16 prêmios nacionais e internacionais.
Entre os principais projetos executados pela instituição, vale destaque para o Programa Programa de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades, Programa de Educação para Sustentabilidade, Programa de Soluções Inovadoras e outros. Além disso, desde abril do ano passado, a FAS coordena a Aliança Covid-Amazonas, com o apoio de 119 instituições, prefeituras e empresas, para combater as consequências da pandemia do coronavírus no Amazonas, beneficiando mais de 361 mil pessoas com doações de materiais, remédios, kits de higiene, alimentos, ambulanchas, além da instalação de polos de telessaúde e diversas outras ações.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
RaiaDrogasil faz doação de R$2 milhões à fábrica de vacinas do Instituto Butantan
A RD - RaiaDrogasil realizou, nesta terça-feira (09/02) doação de R$ 2 milhões à nova fábrica de vacinas do Instituto Butantan, em São Paulo. O valor doado pela RD se somará a outras captações da iniciativa privada, para reforçar a produção de imunizantes contra a covid-19 no País. A previsão do Governo de S.Paulo é a de que a nova planta tenha capacidade para produção de 100 milhões de doses, por ano.
O novo espaço, que ficará pronto em setembro deste ano, terá cerca de 11 mil m² e, além de produzir as doses da vacina contra a COVID-19, poderá fabricar outros imunizantes do Instituto Butantan.
Além desta doação, a RaiaDrogasil já destinou mais de R$25 milhões em doações ao Fundo Todo Cuidado Conta, criado pela empresa para o combate à covid-19. As doações foram direcionadas a 51 hospitais do interior do Brasil. Os resultados da ação estão no site www.todocuidadoconta.com.br. Em janeiro, a RaiaDrogasil também realizou uma doação de R$100 mil, para duas instituições de Manaus, para compra de, entre outros itens, de cilindros de oxigênio e para implantação de mini usinas de produção de oxigênio.
Sobre a Companhia – A RD – Gente, Saúde e Bem-estar foi formada em 2011, após a fusão entre a Droga Raia e a Drogasil, que combinam 200 anos de história no varejo farmacêutico brasileiro. Com o propósito de “cuidar de perto da saúde e do bem-estar das pessoas em todos os momentos da vida”, a empresa possui mais de 2.100 lojas em 24 estados.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Estudo do Itaú Unibanco revela mudanças nos padrões de consumo em ano de pandemia