A terceira via nas eleições presidenciais e os erros de Doria

A terceira via nas eleições presidenciais e os erros de Doria

* Por Chris Santos

“Sou gestor, não sou político. Eu estou na política”. Essa frase pode ser lida na página do Facebook de João Doria Jr. (PSDB), ex-prefeito de São Paulo, ex-governador de São Paulo e, agora, ex-candidato à Presidência da República em 2022, conforme anunciado nesta segunda (23/05).

No twitter, Doria postou: “Saio da disputa à presidência com o coração ferido, mas com a alma leve. Seguirei como observador sereno do meu País. Sempre à disposição de lutar a guerra para a qual eu for chamado. Na vida pública ou na vida privada. Que Deus proteja o Brasil”.
Essa desistência confirma a dificuldade dos candidatos à terceira via ao cargo de presidente de entrarem em um consenso para formação de chapa, que abordei no artigo: Apesar da torcida e empenho da imprensa, a terceira via não decola para a eleição presidencial de 2022.
Por mais que os presidentes do PSDB, do Cidadania e do MDB apontem para a senadora Simone Tebet (MDB) como a candidata, ainda sem vice definido (a), o crescimento que ela poderá obter quando a campanha efetivamente decolar deverá ser pífio. Mas, pode ser importante marcar uma posição no cenário político para 2026.
Vamos de volta à análise ao Doria, o “gestor”, sua trajetória política é marcada pela ambição acelerada e por “traições”. Assim, não existe motivo para ele se sentir traído pelo PSDB e vale apontar nessa trajetória alguns erros de Doria:
1) Doria foi acusado de “trair” seu eleitor quando foi eleito, em 2016, para o cargo de Prefeito de São Paulo, posto que largou 15 meses depois para disputar o Governo do Estado de Sao Paulo. O vice-prefeito, Bruno Covas, assumiu a posição. Foi chamado por seus eleitores de “Pinocchio”.
2) Em 2018, tentou ser o candidato do PSDB à presidência, provocou um racha no partido e mostrou ao seu padrinho político, Geraldo Alckmin, que sua ambição era maior que a lealdade. Mesmo não deslanchando para presidente, durante a campanha para governador, ele deixou de lado o apoio ao então candidato Geraldo Alckmin na disputa à presidência. Se aproximou do candidato Jair Bolsonaro, então no PSL, e vestiu lançou a figura do “Bolsodoria” ainda no primeiro turno eleitoral.
3) Não faltaram conflitos internos com fundadores do PSDB, como o embate com o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, falecido em 2019, que declarou “que sempre viu Doria como um “sujeito muito ambicioso” e um “cidadão sem escrúpulo”.
4) Mesmo com o embate com Jair Bolsonaro (PL) ao longo da pandemia e seu esforço na campanha de vacinação, a gestão de Doria no governo de SP terminou com reprovação de 36% e aprovação de apenas 23%, segundo pesquisa Datafolha, divulgada em 08 de abril de 2022. (vou falar da disputa interna com Eduardo Leite em outra oportunidade).
5) A aprovação de Doria no cargo de governador não garante nem a sua reeleição no estado de São Paulo. Pesquisadores e cientistas políticos consideram que, para ser reeleito, um candidato precisa ter de 40% a 60% de aprovação.
Será que Doria sairá de cena? Não se sabe ao certo. Com seu afã de galgar cargos aceleradamente em sua curta carreira política, Doria deixou a possibilidade de o PSDB não eleger o seu sucessor, pois Rodrigo Garcia é um grande desconhecido do eleitorado tucano – saiu do DEM e se filiou à sigla tucana em 2021.
O PSDB que já estava fraco na disputa presidencial, em 2018 com Alckmin, ficou ainda mais enfraquecido, pois nem candidato terá. Os tucanos precisarão pensar muito no que querem ser no futuro, o que defendem de ideias e políticas, pois o tempo de polarização com o PT ficou no passado.

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

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